lunes, mayo 03, 2010

A Cidade do Homem Nu en el MAM

Recomiendo ver esta exposición titulada A Cidade do Homem Nu, curada por Inti Guerrero, en el MAM de Sao Paulo. El proyecto toma como referencia inicial una conferencia de 1930 del arquitecto y escritor Flavio de Carvalho para actualizar algunas de sus preguntas en torno a arquitecturas utópicas, su relación con el cuerpo y la liberación del deseo. Soy muy breve aquí por cuestiones de tiempo pero la exposición es realmente sugerente, y muy acertada al proponer relaciones y reflexiones que desbordan lo propiamente artístico --como la atinada presencia de los vestidos, fotos y video del cantante de música popular brasileña Ney Matogrosso, lo cual sin duda ensancha el abanico desde el cual pensar las contaminaciones y posibles reverberaciones de la poética y pensamiento de De Carvalho.
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A CIDADE DO HOMEM NU
Com: Claudia Andujar, Cristina Lucas, Daria Martin, Dzi Croquettes, Egle Budvytyte, Flavio de Carvalho, Miguel Angel Rojas, Ney Matogrosso e Santiago Monge. Curador: Inti Guerrero

Em 1930, o artista e arquiteto Flávio de Carvalho (1899-1973) propôs a construção de uma nova cidade nos trópicos. Sua proposta, intitulada A cidade do homem nu, idealizava uma metrópole para o homem do futuro, o qual, segundo ele, não teria nem Deus, nem propriedade é nem matrimônio. Em outras palavras, tratava-se de um urbanismo pensado para uma humanidade que teria se despojado (despido) da construção cultural de seu corpo. Ou, tal como descrevia Carvalho, um homem “sem tabus escolásticos”, “livre para raciocinar e pensar”, para começar um contínuo e irrefreável processo de curiosidade, mudança e transformação pessoal.

Flávio de Carvalho imaginava sua utopia urbana como uma constelação de centros e laboratórios localizados em círculos concêntricos: um “centro de ensino”, um “centro de parto”, um “laboratório de erótica”, um “centro religioso” (localizado dentro do laboratório de erótica) e um imenso “centro de pesquisa”, em cujo interior o cidadão poderia “descobrir as maravilhas do universo, o prazer pela vida, o entusiasmo em produzir coisas, o desejo de mudar.”. No caso específico do ‘laboratório de erótica’ desta singular cidade, Carvalho idealizava-o como um lugar onde “o homem nu selecionaria ele mesmo suas formas de erótica, onde nenhuma restrição exigir-lhe-ia este ou aquele sacrifício; sua energia cerebral seria suficiente para controlar e selecionar seus desejos […], seria o lugar onde encontraria sua alma antiga, onde projetaria sua energia solta em qualquer direção, sem repressão; onde realizaria seus desejos, descobriria novos desejos”. Ao entender a experiência da sexualidade como uma espécie de libido sem uma perspectiva determinada, isto é, sem um desejo construído, mas justamente como uma experiência contínua, rizomática, que se bifurcaria dentro do Laboratório de erótica de acordo com a subjetividade do indivíduo, Flávio de Carvalho, já em 1930, parecia propor um “plano diretor” que procurava dissolver qualquer fixação sociocultural na sexualidade e corporalidade do indivíduo.

A exposição A cidade do homem nu parte justamente do espírito transgressor de Flávio de Carvalho, em sua singular formulação para construir uma nova paisagem urbana nos trópicos, uma nova realidade. Tomando principalmente a experiência da sexualidade no “laboratório de erótica”, a mostra reúne obras e artefatos culturais que em vez de “ilustrar” o pensamento de Carvalho através do percurso museográfico, construirão o significado radical e contracultural do seu pensamento, abrindo as possibilidades de imaginar como poderia ser aquele lugar “sem tabus escolásticos”, “livre para raciocinar e pensar”, onde a corporalidade e a energia sexual do indivíduo poderiam se dirigir em “qualquer direção, sem repressão”.

Inti Guerrero
Curador


[imagen 1: Claudia Andujar, Rua direita, 1970 / imagen 2: Flavio de Carvalho, New Look, 1956. Desenho e paseata por São Paulo / imagen 3: fotografía de Ney Matogrosso]

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